Project Description
Reconstrução de Mama Pós Câncer
TERMO TÉCNICO: RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA


Definição: As mamas têm uma enorme importância para a autoestima da mulher, e a possibilidade de perda desse órgão pode gerar transtornos difíceis de serem reparados sob o ponto de vista psicológico. A maior causa de perda é o câncer de mama e a reconstrução desta deve ser pensada desde o início do tratamento do câncer.
Seu tratamento envolve uma equipe multidisciplinar com mastologista, oncologista, radioterapeuta, patologista, cirurgião plástico, fisioterapeuta e psicólogo. Assim, a reconstrução de mama imediata (no momento da cirurgia de retirada da mama – mastectomia) ou tardia, é uma indicação absoluta para as pacientes. É uma das cirurgias reparadoras de maior satisfação ao cirurgião plástico, sendo este o profissional de saúde mais preparado para tal procedimento, por possuir qualidades indispensáveis, como: o domínio da transposição de retalhos (levar tecidos de uma parte do corpo para outra) no intuito de repor o que foi retirado com a cirurgia; e a inigualável percepção estética global.

Outras causas de perda parciais ou totais da mama como queimaduras, abscessos, acidentes, etc, também podem demandar reconstruções semelhantes as do câncer de mama.
Técnicas Utilizadas
A técnica a ser empregada pode variar de acordo com a extensão da retirada da mama, demandando, assim, reconstruções totais ou parciais.
Nas reconstruções totais da mama as técnicas mais utilizadas são:
* TRAM (retalho transverso músculo-cutâneo abdominal): transpõe parte do tecido abdominal abaixo do umbigo, geralmente em excesso, à área mastectomizada, repondo pele e volume à mama retirada. A cicatriz no abdome, e o resultado estético, são semelhantes aos de uma abdominoplastia (plástica de abdome), com o inconveniente da necessidade de utilização de tela (material sintético) e a possibilidade de abaulamentos da parede abdominal.
* Retalho do músculo grande dorsal: transpõe parte de tecido (pele) das costas, geralmente na linha do sutiã, junto com o músculo. Os dois darão cobertura à prótese que será responsável por repor o volume perdido pela mastectomia.
* Expansores (próteses que se expandem): indicados para repor o volume da mama em caso de preservação de pele na mastectomia ou para reconstruções temporárias enquanto se define a necessidade de radioterapia adjuvante (após a cirurgia) que poderia prejudicar o resultado estético de outros tipos de reconstruções.
Nas reconstruções parciais da mama (após quadrantectomias) as técnicas mais usadas são:
* Reconstrução tipo mamoplastia (plástica de mama);
* Mamoplastia com Prótese de silicone ;
* Retalho próprio da mama (tipo Plug-Flap);
* Outros retalhos da mama ou vizinhos a ela (no tórax e abdômen).
Tipo de anestesia
Geralmente anestesia geral, associada ou não à peridural para analgesia (diminuir a dor pós-operatória). Vale lembrar que a decisão do melhor tipo de anestesia fica a cargo do médico anestesista, que decidirá após conversa com o cirurgião e o próprio paciente.
Tempo de duração
Dependerá da técnica utilizada, podendo ser, em média, de 1h para expansores, 2 horas e 30minutos para grande dorsal e 4h para TRAM.
Período de internação
Em geral de 24 a 48 horas.
Evolução pós-operatória
Faz-se necessário o uso de drenos, cinta modeladora abdominal no caso do TRAM e sutiã modelador para expansores e grande dorsal. O sutiã é obrigatório e ininterrupto pelo período mínimo de 30 dias. Durante as primeiras duas semanas a paciente deve obedecer a um rigoroso repouso dos braços. Não os levantar, movimentá-los o mínimo possível e não dirigir. Com cerca de 15 dias praticamente todos os pontos são retirados, os braços começam a ficar mais soltos e com um pouco mais de liberdade, porém sem fazer movimentos amplos. Após 3 semanas a paciente pode dirigir por pequenas distâncias e com 30 dias todos os movimentos do braço serão permitidos. No entanto, a paciente deve evitar fazer alongamentos que forcem a cicatriz e movimentos bruscos, sendo liberada a atividade física de acordo com a técnica adotada para cada caso. No caso do TRAM deve-se ter o cuidado de andar arqueada por um período de 10 a 15 dias, evitando assim o alongamento da cicatriz abdominal.
Cicatrizes
A posição das cicatrizes nas mamas em geral é decidida após diálogo do mastologista com cirurgião plástico, no intuito de deixá-las de forma mais estética. Na área doadora de tecidos à reconstrução as cicatrizes variam de acordo com a técnica utilizada, sendo posicionadas conforme: abdome inferior no caso do TRAM; nas costas na linha do sutiã ou obliqua no caso do grande dorsal; e apenas na mama no caso dos expansores.
Complicações possíveis
É preciso entender que cada organismo reage de uma determinada maneira à cirurgia. Como exemplo, citamos a reação individualizada a determinados medicamentos, o que nos leva a preferir “esse ou aquele remédio”. Nesse sentido, independentemente do trabalho médico ter sido feito com o maior zelo, perícia e cautela, o resultado final também dependerá da reação do organismo à cirurgia e dos cuidados pós-operatórios, podendo em alguns casos ocorrer resultados desfavoráveis. Entre eles que, felizmente, são raros, o (a) paciente pode apresentar:
* Infecção;
* Necrose de pele, por deficiência circulatória (sendo o tabagismo sua maior causa e a mastectomia “agressiva”);
* Abertura dos pontos realizados com exposição e consequente necessidade de retirada da prótese;
* Complicações anestésicas – conforme o tipo de anestesia realizada – podendo acontecer alergia a medicamentos (choque anafilático), vômitos repetitivos, hipertermia maligna, cefaleia (dor de cabeça) pós-peridural, etc..
* Trombose venosa – coagulação do sangue dentro das veias, ocorrendo frequentemente nas pernas, cujos sintomas são inchaço e dor. A embolia ocorre quando esses trombos se deslocam e migram para o pulmão, o que pode acontecer até 30 dias após a cirurgia;
* Complicações estéticas: cada pessoa tem um tipo de cicatrização. São exemplos de complicações estéticas o aparecimento de quelóides, hipercromia de cicatrizes (escurecimento), assimetrias, etc;
* Hematoma;
* Perda da reconstrução;
* Abaulamento da parede abdominal;
* Alteração de sensibilidade da área operada;
* Entre outras.
Perguntas frequentes
Quais os efeitos da radioterapia nas reconstruções mamárias?
A radioterapia provoca diminuição da circulação, com conseqüente endurecimento dos tecidos, perda da elasticidade destes, o que pode levar à perda do resultado das reconstruções mamárias.
Como podem ser reconstruídas a aréola e a papila (bico)?
Retalhos locais, Enxertos de pele, Dermopigmentação (tatuagem).
Recomendações pré-operatórias
* Compareça ao local da cirurgia (hospital, clínica), no horário previsto e marcado na sua guia de internação;
* Apresentar-se para a internação acompanhado (a) de alguém;
* Comunicar qualquer anormalidade apresentada ou uso de medicações antes da internação (ex: doenças, uso de medicações como AAS e anti-inflamatórios que devem ser suspensos 7 dias antes da cirurgia, bem como chá de alho ou GinkoBiloba,etc.);
* Tomar banho de corpo inteiro na véspera da cirurgia;
* Não usar esmalte de cor escura;
* Jejum mínimo de 8h antes da cirurgia (inclusive de água), evitando bebidas alcoólicas ou refeições fartas na véspera da cirurgia;
* Não levar objetos de valor, pois a perda é de responsabilidade do paciente;
* Levar cinta ou sutiã modelador, bem como meias compressivas.
Sutiã modelador para alguns casos de reconstrução mamária ( expansores, grande dorsal e reconstrução tipo mamoplastia).
Cinta modeladora para reconstrução de mama com retalho TRAM ( abdominal).
Faixa abdominal (preparo pré-operatório para TRAM).
Meia compressiva para profilaxia mecânica de trombose.
Recomendações pós-operatórias
* Evitar esforço físico;
* Não movimentar os braços em excesso. Obedecer às instruções que serão dadas por ocasião da alta hospitalar, relativas à movimentação dos membros superiores;
* No caso de TRAM andar arqueada por 10 a 15 dias;
* Evitar molhar o curativo até que receba autorização para tanto, normalmente após o segundo dia de pós-operatório;
* Uso de meias compressivas, sutiã ou cinta modeladora conforme o caso;
* Não se expor ao sol ou friagem por um período de 30 dias;
* Obedecer rigorosamente à prescrição médica;
* Voltar ao consultório para a troca de curativos e controle pós-operatório nos dias e horários marcados;
* Alimentação normal (salvo em casos especiais, que receberão orientação específica);
* Devido ao fato de estar sentindo-se muito bem, a paciente às vezes pode esquecer-se de que foi operada recentemente, permitindo-se esforços prematuros que poderão lhe trazer prejuízos;
* Consultar essas instruções tantas vezes quantas forem necessárias;
* Consultar o Dr. Diogo sobre quando poderá voltar às atividades normais. O retorno às atividades físicas habituais, como academia, pode ocorrer após 30 dias de pós-operatório, a depender da técnica e da evolução sem intercorrências;
* O resultado esperado também depende de você.
Lembretes importantes
* Toda cirurgia envolve riscos e toda intervenção com finalidades estéticas quanto reparadoras pode necessitar de retoques;
* Essas recomendações são gerais e dizem respeito à evolução habitual de pós-operatório, podendo ocorrer complicações não contidas neste informativo com as respectivas orientações que se fizerem necessárias.
